Crônicas

O que você está pensando?

        Atravessando uma rua, no muro em frente estava pichada a seguinte frase: “O que você está pensando?”. Claro que não havia nada de original na pergunta, até porque ela está presente no Facebook. Aquela perguntinha que fica te atormentando.
        Daí que eu fiquei pensando o que estava pensando o cara que escreveu a frase do face no muro da rua. Era um brincalhão, ou um novo esteta do mundo virtual trazendo para o mundo real a frase que nos coloca em contato com a rede social.
     Aliás, o que você está pensando agora? O que eu vou escrever sobre o que você está pensando, certo? Errado. Eu não estou pensando absolutamente nada até porque não posso escrever tudo o que eu estou pensando na hora em que enxergo a frase: “O que você está pensando?”.
        Se nós exprimimos, a todo momento, o que estamos pensando, o face ou alguém que manipula o sistema vão me oferecer desde uma varinha de condão até as… roupas íntimas de uma celebridade, como para o nosso pensamento, que evolui a cada segundo, a cada instante.
        E lá está a tal pergunta no mundo real, inquirindo aos passantes que se estimulassem a pesquisar em seus cérebros o que estavam pensando. O assaltante na ida de um ganho se perguntaria: “O que você está pensando?” afinal, poderia ser uma tomada de consciência, o que você está pensando, em tirar o bem de alguma pessoa. Ou então, alguém cruza com uma bela mulher, ou a mulher com um belo homem, o que eles estariam pensando? Nem precisa muito esforço para imaginar.
      E se nós tivéssemos uma legenda acima da cabeça, tipo aqueles quadrinhos com os diálogos, ninguém estaria pensando em nada: ávidos tentando ler os pensamentos dos outros.
      Taí. Essa pergunta, na verdade, estimula a nossa criatividade, pois estamos envoltos em nossos problemas, nas nossas alegrias e tristezas, e poderíamos pensar: “O que eu estou pensando para poder resolver os meus problemas?”.
         O mundo virtual é muito legal, até porque não existimos lá fisicamente, e podemos eliminar pelo menos um percentual enorme de gente chata, para o conceito de cada um do nosso mundo e ficamos apenas cercados pelos amigos. O universo giraria em torno de pessoas a quem podemos dizer o que estamos pensando. São nossos amigos, e, ao contrário da vida real, podemos dizer o que pensamos. Eles nos conhecem.
        – Fulano, fulano é assim mesmo, diz o que pensa e a gente sabe o que pensa, onde vota, o que come. Fulano é assim mesmo, sempre pensando alguma coisa”.

Fonte da foto: morguefile.com

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Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura

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