Crônicas

As diversas formas de matar e de morrer

        As guerras são os instrumentos mais mortíferos para exterminar povos, culturas, civilizações. As desigualdades sociais provocam as mesmas mortes, pelos motivos mais variados. As fomas de matar e as formas de morrer são várias.
        Um indivíduo pode morrer de causas naturais ou não, pode matar para se auto defender ou para agredir de forma gratuita. A violência leva à violência, e alguns a usam para impor poder sobre os mais fracos.
        A utilização indevida do meio ambiente força pessoas a escolher lugares inabitáveis. O subemprego leva às moradias precárias, em uma sucessão de acontecimentos que leva às catástrofes.
Atuamos no mundo desenvolvendo formas de matar e morrer as mais diversas. E ainda nos proclamamos humanidade. De sermos iguais até o momento em que temos que escolher quem vai morrer para que possamos sobreviver.
        E então, entramos na pauta econômica.
      Muitos países esbanjam um estilo de vida completamente distinto de outros porque se baseiam na exploração do outro, de outros países longínquos retirando deles as suas riquezas para o benefício de poucos. Assim matamos e deixamos morrer não só indivíduos, mas nações, culturas, histórias.
        Em uma sociedade, aqueles que vivem nas ruas ou em situações precárias se sentem fome, é possível que consigam alguma coisa para comer. Se sentem frio é possível que encontrem um lugar para abrigar-se e se sentem sede podem encontrar algum lugar para saciá-la.
       Quando um jovem, na primeira etapa da juventude, decide pensar no seu futuro, as suas condições familiares e financeiras lhe permitem programar-se com rara antecedência. Enquanto outros na mesma idade, ao acordar, devem pensar o que vão comer naquele dia.
        Dentre as muitas formas de matar ou de morrer temos, exatamente, aquelas quando esse jovem que vive à margem da sociedade se pergunta: o que eu faço para sair da situação em que estou?
Logo, a mais cruel forma de matar e morrer é a falta de perspectiva quanto ao futuro. Todas as necessidades físicas podem ser supridas, senão na sua totalidade pelo menos em parte. Mas a falta de perspectiva é a situação mais grave.
        Sem perspectiva um homem morre e uma sociedade se destrói. Quando falamos de poder de uma nação sobre outras, mostramos, também, que é possível matar a muitos ou individualmente se não permitirmos que o indivíduo ou a sociedade em questão floresçam por si mesmos.
        A verdade é a primeira vítima da luta pelo poder. A mentira é a principal aliada daqueles que escolhem como matar e deixar morrer.

Origem da foto: Foto de Ranadeep Bania na Unsplash

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Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura

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