Crônicas

O ponto de inflexão

        Inflexão é o momento em que mudamos a direção, saímos de uma atitude normal para outra posição. Em todos nós, ocorrem pontos de inflexão, momentos em que refletimos sobre algo, sobre alguém e decidimos que aquele não é o caminho desejado, o caminho que devemos escolher, por diferentes razões. E nem sempre essas razões são por que queremos, mas, simplesmente, porque não vemos possibilidades de prosseguir. Nesse instante, fazemos nossas escolhas, retornamos às antigas ou tentamos criar novas.
        É preciso maturidade, pensar coletivamente ou individualmente, verificar se estamos seguindo o caminho por moto próprio ou estamos acompanhando a caminhada dos outros, seguindo o rebanho e indo na onda.
        Alguns não atingem esse ponto e permanecem nos seus pensamentos, sem nem sequer pensar em mudar. Porque isso significa sair da zona de conforto e tentar outros rumos, romper com passados ou com influenciadores.
        Mudar é sempre bom. Mudar significa adquirir força para resistir ao mesmismo e tentar voos mais altos; e não é fácil. É como tentar fazer um urso tocar um saxofone. Até porque ursos fazem coisas de ursos e ninguém espera o contrário disso. Seres humanos têm essa capacidade de entender e alterar sua estratégia de vida. Mas existem aqueles que sempre serão ursos por toda a vida. Imaginar o que vem pela frente tem tudo a ver com a utopia, com o irrealizável ou não. Ao tentar atingi-los vamos conhecendo coisas pelo caminho que nos provocarão a curiosidade, nos farão um pouco mais aventureiro e perguntaremos: por que não?
       Esse é o ponto de inflexão mais importante: se perguntar, se questionar, examinar se não é possível chegar. O gosto pela caminhada e pelo desconhecido. Tentar provar a si mesmo a capacidade de reagir ao mundo: inflexionar, talvez seja isso.
        Se traçamos um objetivo é um ponto de inflexão na busca do alvo. Acredito que esse ponto de partida todos façam. Todos têm um objetivo na vida. Nem que seja trabalhar para que ninguém tenha e se sinta isolado.
         O nosso desânimo diante da vida ou a nossa ganância diante da vida criam em outros as mesmas coisas. Cada ser humano, de certa maneira, influencia o outro, buscando que o ponto de inflexão do outro o faça mais forte ou não.
         O incentivo diante do sucesso do outro ou o medo diante do fracasso nos levam a pontos de inflexão. Nosso recuo ou nosso avanço não só é determinado por nossa força de vontade como também da nossa timidez diante do mundo. Se recuamos é porque sentimos o medo de sentir o fracasso, se avançamos é uma prova que somos deterministas e trabalhamos nossa vontade de conseguir, onde outros fracassaram.
         Só aprende sobre a vida aquele que atinge pontos de inflexão, de olhar para os lados e se perguntar: por que não?
       Não é fácil e quase impossível um urso tocar um saxofone. E também não é fácil fazer uma mente teimosa se basear em falsidades mudar. Porque assim como os ursos alguns não conseguem tocar saxofone e permaneceram ursos por toda a vida.

Origem da foto: Foto de Margarita Zueva en Unsplash 

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Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura

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