Crônicas

Questão de timing

        A palavra inglesa não encontra, entre nós, algo similar. É aquela hora precisa que você dá o bote no seu objeto de desejo e não deixa o cavalo passar encilhado e abandona a sua cara de bocó, e vai pra cima dos seus anseios.
        Quando fotografava com muita constância, pensei, certa vez, que a melhor foto é aquela oportunidade que você não perdeu. Lamentava, vendo alguma cena, um cenário qualquer, quando não tinha a máquina fotográfica comigo. Hoje temos o celular. Apesar que não envolva o romantismo de fotografar.
        E nesse timing está o equilíbrio entre a pressa e a lentidão de agarrar a oportunidade.
        Oportunidades podemos criar algumas, provocá-las, como se cutucássemos a fera com vara curta. E nisso envolvemos perder o receio de algo negativo. Aliás, se você entender que o negativo já está no preço, o que vier depois é ganho. E oportunidade é oportunismo.
       Nesse ponto anterior da provocação da oportunidade, alguns poderiam dizer que está a figura do oportunista. É claro que essa palavra tem um sinal negativo dentro dela, mas enxergar o oportunista como aquele que aproveita o timing correto não é problema.
        Podemos ver o timing no seu sentido literal, da cadeia de acontecimentos. As coisas se desenrolam na nossa frente e é só chegar o momento da entrada.
       Somente os tímidos erram esse tempo. As indecisões nos colocam apressados demais ou lentos demais para entrar no jogo. Claro, os tímidos têm um certo ar romântico, mas como podem as oportunidades ficarem disponíveis, porque afinal a fila anda e rápido.
       Há lições de como enxergar as oportunidades? Sim, muitas. A primeira é viver as ruas, caminhar, enxergar o que os outros fazem. Tentar fazer melhor do que aquilo, enxergar os defeitos, os pontos negativos e positivos e se perguntar todo o tempo: o que eu poderia fazer com aquela ação algo para o meu benefício, o benefício da minha empresa ou o que aquilo poderia impulsionar a minha carreira?
       As oportunidades também estão nas perguntas que fazemos, que importância podem dar às nossas vidas. Logo, oportunidades não são bilhetes de loteria quando colocamos nossas esperanças em alguns números e vamos esperar sentados que a oportunidade venha bater em nossa porta.
       Oportunidades são bichos furtivos que vagam pelo ambiente. Estão nos pequenos detalhes e somente são vistos por aqueles que estão sempre procurando. Podem até aparecer de repente, como uma surpresa. São casos raros, somente os olhares atentos podem vê-las.
        Oportunidades são aqueles instantes que você não deixou passar.

Origem da foto: Foto de Paul Skorupskas na Unsplash 

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Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura

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