Crônicas

Encontrando a sorte

      Houve um tempo que a fotografia foi meu hobby. Minha Pentax e, posteriormente, uma Nikon faziam parte da minha vida. Com o tempo fui cunhando a ideia de que a grande fotografia era a oportunidade que você não tinha perdido. É aquele momento quando você diz: se eu tivesse uma câmera? Pois é, é naquele instante que você gostaria de eternizar o momento, deixá-lo para a posteridade, colocar na parede e ver a admiração de outros dizendo que você seria um grande fotógrafo.
        A sorte também é uma combinação perfeita entre a oportunidade e a necessidade. Há coincidências na vida que atribuímos quase a um milagre. A isso chamamos sorte.
        Portanto, a sorte é essa combinação entre o seu desejo, mesmo que você não expresse e, de repente, uma janela de oportunidade se abre e junta o desejo e a oportunidade.
     Lógico, que a vida não é ficar em uma janela esperando a oportunidade aparecer. No entanto, ouvidos e olhares atentos têm uma parcela importante nesse processo. A nossa imaginação constrói cenários, mas não analisa possibilidades, somente enxerga o objetivo final. A oportunidade traz a realidade à tona e é necessária uma dose de coragem para abraçar a oportunidade e festejar a sorte. Ver a oportunidade passar e faltar essa dose de coragem transforma a sorte em uma coisa perdida.
        Há estratégias para encontrar a sorte, criando as oportunidades, que seria como ir à festa para que alguém convide você a dançar. Mas, para isso, é necessário ir às festas, ver o mundo como o celeiro de oportunidades, ler, considerar e conhecer pessoas. Nada fará os seus projetos andarem se eles estão guardados em uma gaveta ou na imaginação. Sorte é tentativa e erro. É errado considerar o azar como uma coisa do destino. O azar é o erro, o azar é a tentativa, é a persistência, é perseguir o objetivo e nada mais do que isso.
       Portanto, a sorte é a oportunidade oriunda da preparação do terreno, da preparação para o salto ou o recuo estratégico. Mas vale aquele que age na surdina, preparando-se para a chegada da oportunidade. Traçar objetivos na vida exige um exercício diuturno de tentar.
        Mas, consideremos assim. Existem momentos em que não esperamos, em que estamos lamentando a falta de sorte e, vindo do nada, alguma coisa acontece. Sim, é possível que alguma coisa mais além da nossa consciência aja. Muitos acreditam nisso, e acontece a todo o momento, somente achamos que merecíamos e pronto. É um pouco de arrogância pensar assim. O mundo e o universo conspiram contra nós, tenhamos isso em mente. Vários desejos agem simultaneamente, e nada garante que os nossos serão atingidos. A questão seria se os nossos desejos têm, realmente, condições de se realizarem. O resto não é uma questão de sorte ou azar. É, simplesmente, a vida que segue seu curso, e a oportunidade é saber o momento de embarcar no vagão certo.
       Steve Jobs disse que tudo o que você aprende quando jovem um dia esses pontos farão conexão no futuro. Isso é a sorte: uma quantidade de conhecimentos que você acumula que farão sentido e criarão a oportunidade no futuro. Para isso, “seja um esfomeado para absorver cada vez mais, e seja um tolo, consciente que você não sabe tudo e precisa aprender cada vez mais” (Stewart Brand).

Origem da foto: Foto de Barbara Krysztofiak na Unsplash 

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Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura

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