Opiniões

Chega a ser comovente ver a Globo no ar

CHEGA A SER COMOVENTE VER A GLOBO NO AR

Chega a ser comovente a campanha que a Globo e o seu sistema de comunicação e agregados pedindo manifestações contra o governo. Realmente, a gente fica até chateado. Tanto dinheiro, tempo, do dinheiro da publicidade, e, certamente, amarrando os anunciantes com uma situação política constrangedora é um caso sério, tipo depressão, cama de analista, yoga, adesão ao Budismo, sei lá. Eles até estão tentando. Seria comovente, se não desse vontade de rir. Os jornalistas ali tentando animar a plateia, fazendo oba oba, dando uma cobertura, respaldo. Estamos aí, gente! Tamos junto, e ainda mais misturados e enrolados.

Chega a ser comovente como a Globo e o seu sistema de comunicação e agregados não cobrem, devidamente, os movimentos contrários ao movimento que a Globo e agregados apoiam. Afinal, a Globo diz a que veio: para o tudo ou nada. É menina serelepe buscando o mágico de Oz, com seus homens de lata, e leões em busca de corações perdidos, um exército de Brancaleone.

Chega a ser comovente como a Globo gasta um tempo precioso, de valor (?), afinal os seus comerciais estão entre os mais caros e disputados (sic), em busca do paraíso perdido, já que os agregados estão na penúria, demitindo (ou será que buscarão a terceirização?).

Chega a ser comovente ver o empenho dos funcionários da Globo e dos agregados na tentativa de argumentar o indefensável, apesar dos índices de desaprovação (?) do governo, mesmo que o trend topic do twitter “bombe” com a hashtag, para aceitar a derrota e seguir em frente.

Chega a ser comovente como a Globo e os sistemas de comunicação dos agregados lutam contra o tempo, porque o saco de maldades foi colocado nos primeiros dias, os aumentos que apertaram a inflação em breve estarão no preço e o segundo semestre, ou mesmo antes disso, a coisa vai começar a virar. Dos treze por cento, ou do chão não passa, e daí, qualquer uma bondade do governo vai subindo pontinho por pontinho, ao som de panelaços, cartazes apoiando a ditadura e mulheres nuas candidatas às capas de revistas (pode existir algo mais desmoralizante do que isso… tudo junto?).

Pois é, o movimento vai caindo, vai caindo, enquanto o Congresso se encarrega de estragar o “muvimento” tentando nos enfiar por goela abaixo, medidas, realmente, liberais, inclusive contra os partícipes e partidários da Globo, meio apalermados, sendo apunhalados por todos os lados. E no final nem os gatos pingados restarão.

Chega a ser comovente como é fácil derrotar um suposto grande poder da mídia, quando ele escolhe fazer política em vez de jornalismo.

É aquela história, se ficassem do lado deles mesmos, até teriam um pouco de respeito. Como resolveram assumir um lado, escolheram o lado errado.

Chega a ser comovente um adversário, ou suposto adversário, entrar no ring cheio de marra e acabar nas cordas, e fingir que nada está acontecendo.

Na Globo, a gente se vê?

Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura