Crônicas

Nem todos os dias são bons…

         Mesmo naquele dia em que tudo acontece com perfeição, de acordo com o script, sempre achamos que poderia ser melhor, alguma coisinha a mais, um toque melhor. Abusamos da sorte e menosprezamos um dia excepcional, certamente, uma exceção diante dos outros que aconteceram. Um furo na estatística, algo fora da curva.
        Essa necessidade de encontrar alguma coisa melhor é a grande perdição da humanidade. Nem todos os dias são bons, e quando encontramos um deles, apenas achamos que nada faz mais justiça a nós mesmos do que tê-los perfeitos.
       Do mesmo modo, existem os dias realmente ruins. Aqueles dias onde nada dá certo, e transformamos aquela tragédia, algumas vezes, outra exceção, ou um ponto fora da curva, em um dia interminável, uma assombração que nos acompanhará pelo resto da vida, e, quem sabe, arrastando pela eternidade.
      Tudo bem: nem todos os dias são bons, mas alguma coisa de bom podemos, sempre, arrancar de todos eles. Lições estão aí para serem aprendidas, e nisso é o que reside de bom naqueles maus dias.
        O que podemos aprender com os dias perfeitos? Talvez que eles não pertençam ao mundo real, sejam ficções na realidade, sejam fábulas que lemos em dias tediosos. Dias perfeitos são apenas descansos no mundo de atribulações, são como algumas ilhas que aparecem na nossa viagem através de um mar infindo, algumas vezes tormentoso, ou são como oásis de descanso no deserto.
         Portanto, dias perfeitos não nos ajudam, apenas são algumas recompensas; que sejam.
         Nos dias ruins, sempre podemos ter alguma coisa de bom para retirar. Eles servirão de lição para termos os dias perfeitos, e, principalmente, dar valor a eles. A considerá-los perfeitos porque nos permitem descansar.
      Nem todos os dias são bons, mas há algo de bom em cada um deles. Aprender é estar constantemente na escola, comparecendo com os horários, aprendendo sempre. Se podemos tirar alguma coisa de bom nas experiências ruins, esse é o método de aprender a viver, e a viver os dias perfeitos.
         Nos dias ruins aprendemos sobre as armadilhas e como evitá-las. Viver é como encontrar no início os dias ruins, sempre se encontrando com o novo. Um dia perfeito para um inexperiente é aquele onde pode colher a maior quantidade de ensinamentos. Um dia perfeito para um experiente é quando ele consegue ludibriar a grande maioria das armadilhas, e cair somente naquelas que quer repetir a experiência, porque prazerosa e provocativa, ou então no realmente novo, o que nos faz voltar ao princípio da vida, do aprendizado e nos tornar vivos e nunca repetir os erros do passado.

Fonte da foto: https://morguefile.com/creative/veggiegretz

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Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura

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