Crônicas

Erros e acertos

       Cometer erros é o que ninguém gostaria. E, lógico, todos procuram fazer o certo. O dilema é encontrar esse erro e esse acerto, como se fossem coisas possíveis.
        No caso do erro, seria uma atitude impensada, um erro de cálculo para uma estratégia pensada de muitas maneiras, um passo que não deveria ter sido tentado, mas que na imaginação tinha tudo para dar certo. E partimos do pressuposto de que o erro seria um mal que causamos a nós mesmos ou causamos a outros.
        Quando falamos de acertos, imaginamos o mesmo, seja por um golpe de sorte, que nossas escolhas tiveram o final desejado ou que acertamos na estratégia, e contamos com o erro dos outros e produzimos um bem para nós mesmos ou para outros.
         Mesmo sentado na cadeira, admirando a paisagem, inertes diante de tragédias ou não, cometemos erros e acertos. Erros pela omissão ou acertos por não interferir na causa que temos diante de nós.
        Erros e acertos dependem de pontos de vistas. Na perspectiva do necessitado, o acerto é a ajuda de alguém, e por estar em situação crítica seria um erro cometido, segundo os que ajudam ou se compadecem.
        No entanto, quantos de nós lidamos com os erros nas nossas vidas, não porque escolhemos o lado errado, e sim porque, simplesmente, fizemos uma escolha?
        Logo, o erro e o acerto são os riscos que corremos. E não correr riscos é o princípio daqueles que dizem nunca ter errado. Porque o erro está na medição que fazemos do salto que desejamos dar. Os que nunca erraram foram aqueles que não viram nada que valha a pena para abandonar a zona de conforto. E essa análise diz mais do erro de permanecer inerte do que o acerto por nunca haver tendado.
      Nenhuma experiência no mundo é baseada na falta do erro e na falta do acerto. Para testar nossa capacidade, o experimento e a prova são momentos cruciais para definir nossos erros e acertos.
         O que é errar e acertar no mundo das experimentações?
       As nossas críticas são cheias de pretensos erros e acertos. Criticamos o que não conhecemos e, portanto, não somos nada além de incógnitas medrosas dos erros e acertos. A tentação de poder conseguir é, exatamente, proporcional aos nossos medos de errar e acertar.
        Quem nunca tenta não pode medir a tristeza ou a alegria de errar e acertar. Ninguém é aventureiro sentado no sofá da sala, correndo o maior risco da vida em assistir na televisão os erros e acertos de heróis construídos na imaginação.
       Nossa imaginação é o maior depósito de erros e acertos. Construímos em nossas mentes as possibilidades do risco. E o maior erro é se enclausurar nelas, imaginando um mundo possível sem acertar em coisa alguma.
         Para aqueles que não querem cometer erros, o risco de não conseguir nada é o maior acerto.

Origem da foto: Foto de Pablo García Saldaña na Unsplash 

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Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura

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