Opiniões

Afinal, onde está a verdade na CNV?

AFINAL, ONDE ESTÁ A VERDADE NA CNV?

     Findo os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade os diversos articulistas de esquerda e de direita começam as suas justificativas. Na verdade, a CNV se propõe a contar uma história do Brasil que estava escondida nos arquivos militares. Não se tratou de uma comissão para julgar os crimes políticos praticados pelo regime militar, tratou de mostrar uma página escondida da História recente do país. Alguns outros países fizeram esse papel, os mesmos que viveram processos de governos ditatoriais.
     É claro, que os articulistas favoráveis à ditadura militar começam a mostrar uma relação de cidadãos brasileiros, civis e militares, que sofreram acidentes fatais ou não nas mãos dos então subversivos.
     A lista é enorme, como não poderia deixar de ser. A única novidade é que essa lista foi amplamente divulgada pelas autoridades, quando ocorreram, na época, não sem o motivo de mostrar a violência que os subversivos demonstravam. E, se demonstravam, era porque era a única resposta que tinham para aqueles momentos, lutando, um bando de gatos pingados contra um exército regular.
     Não se trata aqui de eivar nenhum tipo de coragem e heroísmo. Cada morto ou ferido pelos subversivos teve ampla e clara investigação, tiveram o seu registro na História. Morreram como heróis, fortuitos ou não, amplamente honrados pelo governo.
     A questão é que a Comissão Nacional da Verdade quis mostrar o outro lado. Para os mortos do lado da ditadura aconteceu um enterro digno de um ser humano, com a presença da família, que não carregaria além da dor, o desconhecimento e a desesperança de cultuar um morto e não uma sombra ou simplesmente uma alcunha de “desaparecido”.
     Assim, por mais extensas as listas de mortos pela subversão, elas não serão maiores do que os desaparecidos e torturados do lado subversivo.
     Apresentar como contraponto uma lista de mortos pela ditadura não é um fato inibidor para mostrar a lista de mortos e satisfação para as famílias dos então desaparecidos. É uma questão de conhecer a História, sua crueldade de ambos os lados, para que ela nunca mais se repita.
     Quanto a ser subversivo, como sendo aquele que comete um ato contra um regime, primeiro seriam subversivos aqueles que rasgaram a Constituição e começaram a verdadeira guerra.

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Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura