Sobre algumas coisas em que eu pensei
Neste livro, procurei desenvolver alguns temas e o que eu penso sobre eles. Os assuntos são:
SOBRE A ARTE DE ENGOLIR SAPOS
SOBRE O CAMINHO DA FELICIDADE
SOBRE A INSPIRAÇÃO
SOBRE A PAIXÃO
SOBRE A POLÍTICA E A LOUCURA
SOBRE A REALIDADE
SOBRE A RELAÇÃO A DOIS
SOBRE A SOLIDÃO
SOBRE A SORTE
SOBRE A TRAIÇÃO
SOBRE AS OPORTUNIDADES
SOBRE AS RELAÇÕES DE PODER
SOBRE DEUS
SOBRE DUAS MULHERES
SOBRE ESTAR SÓ
SOBRE O CONHECER O OUTRO
SOBRE O DESEJO
SOBRE O OLHAR
SOBRE O PARAÍSO
SOBRE O QUANDO
SOBRE O TEMPO
SOBRE OS DIREITOS DE CADA UM
SOBRE OS REFLEXOS DA RUA
SOBRE PROMESSAS MIDIÁTICAS
SOBRE SE É AMOR, A VIOLAÇÃO CONSENTIDA
SOBRE UMA BRINCADEIRA COM A ESPANHA
SOBRE UMA DOENÇA DO AMOR
SOBRE UMA PALMEIRA DA DISCÓRDIA
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SOBRE A ARTE DE ENGOLIR SAPOS
Viver é a arte de engolir sapos: alguns grandes, pequenos, médios, mas de todo modo, intragáveis. Quando somos jovens não os aceitamos de modo algum; quando mais velhos estamos mais prontos a aceitá-los. E isso é por um bom motivo.
Quando jovens, carregamos o futuro em nosso colo, e o preservamos contra os males do mundo. Cremos na possibilidade infinita de vencer. E, portanto, a arte de engolir sapos não faz parte de nossa dieta. Quando jovens nos deixamos enganar, por infantilidade, imaturidade. Na verdade, nós nos enganamos porque não temos em nossa bagagem cultural a carga emotiva, transcendental, do acúmulo de decepções… ou vitórias, estas bem poucas, e tão pouco valorizadas.
Engolir sapos, usando o jargão moderno, é apenas uma relação de custo-benefício.
É comum ouvir dizer que procuramos a felicidade, a qualquer custo. O que importa é ser feliz. No entanto, qualquer procura nesse sentido estabelece-se uma barganha. E essa barganha envolve não só nossos desejos, como os desejos de outros. E é aí, nesse ponto, que a arte de engolir sapos se mostra mais profícua.
Se vivemos em uma sociedade, ocupamos um espaço que nos foi destinado, e as peças de arrumação em nosso entorno obedecem a uma equação de satisfação.
Procurar a felicidade individual implica necessariamente desalojar peças vindas ao nosso entorno e teremos, nesse momento, que validar nossas procuras.
O que implica nossa decisão em qualquer sentido? A quem ou o que vamos prejudicar? Vamos beneficiar? Então não é um sapo. Quando prejudicamos, sim.
Por isso muitas vezes engolir sapos é estabelecer motivos que não nos levem a deslocar no espaço, desarrumar vidas à nossa volta, e, também, a ética que deve nortear nossos comportamentos. Engolir sapos não é só absorver golpes que a vida e outros nos dão. É, muitas vezes, conter um orgulho, amor-próprio dentro de nós de modo que não prejudiquemos a vida de outrem.
Não, isso não é covardia. Não é covardia, muitas vezes, não querer enfrentar situações de perigo. Perigos esses que colocaram a vida e o comportamento social em risco.
Abrir mão de uma suposta felicidade, pensando nos desdobramentos de nossos comportamentos, mais do que uma digestão é um ato de amor para com o outro e para com a sociedade.
LIVRO A SER LANÇADO EM E BOOK
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