Crônicas

Celebridades, para quê?

        Quem está no céu, no ápice da glória ou da moda, ditada por celebridades e, mesmo sem querer, seguimos? São ditadores recorrentes nas mídias, transformadas, pelas linguagens jornalísticas, em celebridades que se julgam no celeste a determinar o que é correto. Os novos pais eleitos?
          Por isso, são injustamente justificadas como nomes de uma nova santidade, preenchendo os labirintos da mente humana, que confunde o certo e o errado e tornam a vida insana.
        E nos convidam para um reino onde não seremos julgados nem julgadores, mas apenas convidados a viver em um mundo de fantasia, bem longe da realidade. E, por isso, para nos colocarmos nesse mundo, nos submetemos a uma vontade que, embora não nos pareça correta, nos ilude e nos faz pretensamente felizes. E o céu e a terra se confundem na realidade e na irrealidade.
         Bebemos a fantasia como o pão que alimenta e pedimos todo dia, reverberando a fofoca da semana, e agradecemos por tê-la e fazer parte dela.
          E, vivendo assim, consumindo, julgamos pagar uma suposta dívida que jamais contraímos e que nos achamos devedores.
         Também não perdoamos e somos cruéis com aqueles que não se enquadram em nossos pensamentos e colocamos os outros, para nós pobres pensadores, na margem do nosso cotidiano.
        Caímos na tentação do mundo moderno e nos esquecemos da simplicidade da vida, apesar da consciência do erro, e nos entregamos àquela vida insana achando que tudo será perdoado.
          Convivemos com o mal e pedimos proteção contra ele, quando o maior pecado é fazê-las nossos deuses de admiração.
        É possível pensar em uma vida onde ninguém ou nada seja capaz de ditar nossos comportamentos? Que possamos ser o reflexo daquilo que pensamos e o nosso coração dite qual o caminho a seguir, desligando a luz azul da televisão e saber que além dela não há escuridão?
        E se desligarmos a televisão por uma semana e descobrirmos que não precisamos dela, seremos os destruidores de deuses terrenos, que nada mais são do que fantasias que queremos. Nunca seremos como elas, as celebridades? E se descobrirmos que não precisamos delas, de nada do que os possuidores do microfone e telinha da hora fazem, o que serão delas?
         Sei lá! Elas que descubram o que fazer! E para nós o mundo se abrirá em infinitas possibilidades.

Fonte da foto: Photo by pawel szvmanski on Unsplash
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Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura

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