Um porto seguro
Estamos inaugurando uma nova seção no site do Blog do Nilson Lattari, em que me proponho a conversar sobre livros que esteja lendo. Vou começar com o livro Um porto seguro, de Nicholas Sparks, até porque assisti ao filme na Netflix e algumas observações me pareceram importantes.
A primeira coisa a dizer é que acho Literatura um entretenimento. Muitos poderão dizer que a Literatura tem um papel a cumprir no que concerne conscientizar as pessoas acerca do seu tempo, abrir os olhos para a realidade, que a Literatura não pode ser um refúgio do mundo real, não ser alienante, etc.: nem tanto. A Literatura pode entreter, ao mesmo instruir, analisar o tempo, dentro de algumas circunstâncias que o autor apresentar, ou, simplesmente, proporcionar algumas horas de prazer. E, quanto a isso, qualquer tipo de leitura é válido.
Nicholas Sparks apresenta uma história bastante comum de uma mulher que foge de um marido opressor e que a mantém prisioneira em casa. Abordando este tema a Literatura é farta. E Literatura, como eu li no livro de Robert McGee, Story, onde o autor deve “contar uma história que eu conheça de um jeito que eu nunca vi”, a repetição, além de tudo, é demonstrar a criatividade dos autores. Dentro desse espírito o que levaria Nicholas Sparks a ser “diferente”? Justamente naquilo que o filme não transmite do livro: a forma engenhosa como a esposa consegue se livrar do marido. E o filme suprime esta parte, por uma questão de tempo; e a melhor parte do livro.
A outra diferença é como a ex-mulher da nova paixão se intromete na história, que no caso do filme fica aquém da proposta do livro, e também a maneira como o marido consegue descobrir o novo paradeiro da esposa, de forma contrária ao escrito, e, finalmente, a cena onde ele tenta acabar com a vida da esposa fujona, e o momento em que a protagonista encontra a explicação da amiga vizinha que conhecia.
A grande questão está, dessa forma, na maneira como o filme aborda o livro, e, de certa forma, a pobreza da transcrição, apesar de o autor ser um dos produtores executivos do filme.
Vale a pena então ler o livro e ver o filme? Sim, até mesmo para efeito da comparação, revelando que alguns filmes ao se tornarem comerciais transmitem uma certa preguiça e uma busca por dinheiro fácil.
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