Ser capaz de suportar
Até quando um indivíduo, um grupo social, uma nação, enfim, são capazes de suportar os seus infortúnios? Todos têm um limite para o sofrimento. Há um momento da explosão e da luta por mudar alguma coisa, seja dentro de si mesmo, dentro de um grupo social ou de uma nação.
O sofrimento, seja aquele que surge independente da vontade dos entes, seja o sofrimento causado por alguém a todos, é, antes de tudo, uma prova da capacidade de reagir ou de absorver o golpe.
Se o sofrimento tem um final previsível, sendo ruim para os entes, a questão é saber como levá-lo até o seu final e aceitar o destino. Se o sofrimento pode apresentar uma possibilidade de ser extinto, a capacidade de suportar é que determina o final de tudo. E tudo está subordinado à capacidade dos entes em tentar entender aquilo que é possível controlar e focar nisso, esquecendo tudo que gravita ao redor.
Suportar os infortúnios é ter a capacidade de perceber o entorno, tentar entender como funcionam as coisas e agir de acordo com elas e não tentar enfrentá-las sem aparente ideia de vitória. Isso não significa se render ao sofrimento causado por outros aos entes, trata-se de manter uma mente racional e aberta para as possibilidades que advirão. Suportar, nesse caso, trata-se de uma virtude. Nem sempre a atitude de espera pode ser covardia ou medo. Muitas vezes, suportar é fingir superar e surpreender no momento exato a causa do sofrimento, e extingui-lo ou simplesmente esquecê-lo.
Suportar alguma situação é supor que é possível a sua superação, é ter o suporte emocional ou o suporte racional para estabelecer a melhor estratégia de continuar levando a vida em frente. O olhar daquele que, supostamente, se submete, tem vários aspectos. O que será mais difícil: ser aquele que causa o sofrimento e vive, eternamente, vigilante, ou aquele que sofre e arquiteta sua estratégia para compreender onde estão suas vantagens?
Mais que tudo, o sofrimento ensina a viver e enaltece nossas virtudes. E uma virtude não quer dizer, necessariamente, uma coisa boa. Ter a virtude de esperar o melhor momento para fazer um ato danoso não deixa de ser uma virtude, mas também é uma explosão daquele que, supostamente, suporta tudo.
Não é todo mal que sempre durará e se eternizará.
A maior virtude daquele que sofre é agir com a razão, porque o conhecimento torna o sábio mais danoso do que aquele que busca o prazer em causar o sofrimento a alguém, cego pela vingança.
Nada é mais sábio do que a espera e o silêncio.
O prazer envolve sentimentos externos ao homem. Os sentimentos não fazem parte dele, e podem ser descartados, porque mais do que palavras, as atitudes são mais precisas e contundentes. Aquele que sofre calado pensa mais na atitude que tomará do que nas palavras que vai dizer.
Não é um bom negócio impor o sofrimento a alguém. Principalmente, porque ninguém tem ideia até onde uma reação poderá chegar, e a atitude valerá mais do que mil palavras ou impropérios sem sentido.
Origem da foto: Foto de Matteo Vistocco na Unsplash
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