Separatismo, a quem interessa?
SEPARATISMO: A QUEM INTERESSA?
Em 11 de setembro de 2007, o Observatório da Imprensa me honrou ao publicar uma série de artigos descrevendo como se processava a informação, na forma de um termo que logrei criar que é a infocommodity.
A abordagem se deu quanto a considerar a informação como uma mercadoria, ou seja, algo vendável, factível de ser fornecida a um público consumidor. E, como toda mercadoria, ser embalada à vontade do freguês.
Argumentei, então, que sendo uma mercadoria ela era colocada no mercado também através de nichos. E aí, o discurso entra como um componente importantíssimo, porque a linguagem era o merchandising, o ponto de atração do consumidor alvo da venda.
No nosso cotidiano, nas conversas nas ruas nos deparamos com algumas pessoas que têm um discurso discrepante com a realidade. Vai daí, também uma ressalva de que nem sempre a nossa realidade é a prevalente. O choque de realidades, de vivências, de culturas, de formas como apreendemos a cultura forma cidadãos com pensamentos completamente diferentes entre si. A questão é a justificativa para que determinados pensamentos evoluam.
Algumas pessoas são arraigadas aos seus valores que não se preocupam em encontrar argumentos sólidos para embasá-los. Então, caem no ridículo e como única maneira de se defender é chamar o outro lado, o outro questionante, de retrógrado, ultrapassado ou até mesmo comunista.
O que falta a essas pessoas? Verbo. Isso. Palavras que se constituam em um discurso minimamente razoável para ter respeito, mesmo que tenham como produto o racismo e o preconceito. Para que apresentem suas razões.
Assim como em qualquer grupo de discussão, um mínimo de leitura e aprendizado seja recomendável, alguns que reprovam uma conduta mais à direita nas relações humanas precisam de mentores, argumentadores, aqueles que forneçam a maquinaria do discurso para a defesa nas ruas – isso não exclui aqueles que pensam mais à esquerda.
Nesse momento é que entra uma espécie de market share, uma reserva de mercado. Leitores de revistas especializadas, envolvidas em política se retroalimentam nos colunistas que desenham nas suas páginas determinados comportamentos que julgam ser procedentes. Não movimentam opiniões, não são capazes de mudar opiniões, até porque seus compradores fazem parte de um grupo muito restrito, diante da população e do eleitorado brasileiro.
Esses profissionais são os fornecedores do discurso, cujos leitores citam que leram na revista tal e qual, e aceitam como verdades, e usam os discursos que se transformam nas argumentações.
Considero jornalismo ou escritores de oportunidades. Esses, na realidade, escrevem para um público que lhes garante a venda de livros, que não passa de mero repetidor de artigos que leu não tem nada de novo para mostrar. Alguns dos escritores são eleitos até para a Academia Brasileira de Letras, e se garantem em palestras, aparecimentos em programas de televisão, e vivem e fazem disso o seu ganha-pão.
Por que eu estou falando disso?
Levantou-se a ideia de separação do país. Uma ideia tão absurda quanto os furos de jornalismo, que não passam de tentativas de golpe disfarçadas, mas, que alimentam esse mercado.
Nesse momento, entram figuras como Coronel Telhada ou mesmo Jair Bolsonaro, defendendo um modelo de comportamento que atinge precisamente uma camada da população. E, por aí vão, colocando filhos, primos, numa verdadeira escadinha de autopromoção, e vão vivendo disso.
Às vezes dá para pensar em São Paulo como um país independente, sendo governado por um partido único (O PSDB majoritário no “país”), naturalmente o deputado Tiririca, mais votado, presidente da Câmara, Diogo Mainardi como Ministro da Educação, Reinaldo Azevedo, porta-voz da Presidência, o Coronel Telhada como Direitos Humanos, e exportaríamos o Jair Bolsonaro para Ministro da Guerra. É claro que poderiam também fazer um muro, nos mesmos moldes de Israel, bem firme e compacto com milícias a postos.
E como não tem água, e é bastante escassa, poderíamos aproveitar a canalização do Rio São Francisco e encher o país…. até a borda.
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