Rótulos e fantasias
Rótulos são palavras que colocamos nas pessoas para definir o que achamos delas: coxinhas, nazistas, petralhas, comunistas, ou simplesmente o desejo de uma viagem a Cuba, como um lugar no extremo do mundo, e não um país caribenho recheado de belas praias, e nem por isso se deseja que se vá para Cancun.
No esgarçar da rotulagem, comunistas viram comunistoides, esquerdopatas, contorcionismos na linguagem que podem, utilizando a imaginação, conceber contorções nos rostos, na tentativa vã de transformar a força das palavras além delas mesmas, além do falar alto e esbravejar, como se isso amedrontasse alguém.
Nesse jogo de argumentações que deixa o contraditório de lado, buscando sedimentações, bases sólidas de pensamentos, e buscam o outro lado da fronteira, que vai buscar o ódio e a raiva como o final das divergências, aquele que mais atrai é o argumento dos não comunistas, para pressionar os então considerados comunistas, quando se tenta argumentar as condições de desigualdade com políticas sociais, o dizer que se deva então levá-los para casa, e deles cuidar.
O que não se entende é que, na busca da igualdade, o que se quer é a mesma oportunidade para todos. A imagem de crianças de olhos grandes e tristonhos, magras, mostrando os ossos na África, ou então o desalento dos nossos compatriotas que vivem no sertão do nordeste tem que nos levar a pensar que a genética, dos então “capazes”, ou capacitados a mudar o mundo, não olha o gênero, a geografia ou o berço. Não é difícil imaginar que alguns daqueles seres podem ter a chave que pode mudar o mundo, tanto tecnológica quanto socialmente. Quantas mentes não são aproveitadas para o bem comum, e sucumbem com a fome e a doença? E essas mentes somente querem oportunidades.
O argumento fácil de se propor a caridade, por parte daqueles que “agem com o coração”, e não sucumbem com a falácia do custo x benefício dos pragmáticos proponentes do estado mínimo, quando se deva entender que o estado mínimo é o desejo de todos, mas, que ele se estabeleça onde uma sociedade tenha um número mínimo, também, de “incapazes” socialmente, até porque incapacidade ou capacidade é determinada pela ordem capitalista dominante, e, talvez, em uma sociedade alternativa, essas “capacidades” possam dar uma guinada, é o rótulo mais vil da falta de argumentação sólida para as soluções do nosso mundo pós-moderno.
Assim sendo, exige-se o voto de pobreza, viagens em classe econômica, carros sem luxo, para aqueles que pregam que o mundo funcione menos desigual. Seguindo este raciocínio, seria muito mais fácil que segmentos da sociedade, que conseguem sobreviver com dignidade, e ao mesmo tempo defender a igualdade de oportunidades, fazerem os tais votos e viverem como, e como consequência acumular moeda e tornarem-se mais ricos, do que aqueles que pregam o voto contrário, raciocinando com a classe mais rica, servindo-lhe de claque, pregando um mundo de competição onde cada vez mais são massacrados, na pura ilusão de “vencer”, tornarem-se verdadeiramente ricos, em todos os sentidos.
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