Rabo de olho
RABO DE OLHO
Era uma vez um rabo.
Bem! Não era um rabo felpudo, comprido
daqueles que se enrolam em si mesmo como se estivesse
acariciando a própria face.
Ele ficava num cantinho da imaginação
bem pertinho de um olho.
Ou melhor, ficava tão no cantinho, observador
como um rabo de olho.
Mas esse olho não era um gato, mas andava sinuoso
como um rabo, sempre olhando pelos cantos, à procura de alguma coisa.
Que nem sabia, o olho e ele, qual seria.
Olhava todas as coisas como se estivesse com medo.
Mas medo é que não era.
Onde já se viu um rabo e o seu olho terem medo?
Eles podiam imaginar, sempre ali pensando…
Olhando as coisas e as pessoas imaginando talvez
que elas também olhavam quem sabe os defeitos,
as maneiras, de ficar pensando que mais vale a boca
fechada e o ouvido um pouco mais atrás atiçado a ouvir
com o rabo de olho acariciando para ouvir melhor
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