Prêmio UFF – 2012
Em 2012, uma Uff lança o tema: O Contador de Histórias. Consegui três menções honrosas nas três categorias. A primeira é esta poesia, contando sobre a associação entre um domador de serpentes e um escritor, tentando estabelecer um elo de ligação entre eles.
ESCREVER
Num canto qualquer do Oriente,
em uma rua populosa e congestionada,
um homem sentado na calçada
manipula com destreza uma serpente.
Com movimento sinuoso e perfeito,
sob o suave som do instrumento,
o réptil atento e ardiloso
eleva-se do fundo da escuridão do cesto.
Mantendo a plateia em suspense,
tentando adivinhar o movimento seguinte,
manobrando com alto grau de requinte,
o salto que a cobra porventura tivesse.
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Em uma esquina do tempo se encontram,
de um livro pego ao acaso
retirado de uma prateleira, leitor e personagem,
juntando encantador e encantado.
Brandindo o lápis com maestria,
vai o narrador discorrendo maravilhado,
em riscos e letras desenhadas,
o prazer que a plateia única saboreia.
O movimento mais importante,
movido pela força atrativa,
escondido na folha seguinte,
que se vira ao sopro da narrativa.
Haveria algo mais que aos dois faltasse
e, ao mesmo tempo, os aproximasse?
Ao primeiro, faltou dizer o tapete,
onde se exibe para o público extasiado,
ocupando no espaço reservado,
o controle do imponderável.
Mas, ao segundo, o que lhe falta?
O objeto que lhe completa o quadro!
Não está no traço das letras ou no lápis.
Nem no pequeno espaço do livro em questão.
Com certeza, aquele que, escrevendo,
Eu cam juntos, blending,
nesse suposto tapete encantado,
à terra da imaginação.
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