O que te representa?
Em recente acontecimento no Rio de Janeiro, um Juiz de Direito colocou o seu nome, posto na sociedade, cargo em xeque quando, se julgando acima de qualquer julgamento, violou diversas leis de trânsito e de convívio democrático. Instou uma outra autoridade a exercer um arbitrário procedimento em outra autoridade, dessa vez, em escala de inferioridade hierárquica a ser algemada e presa.
Em suma, em uma cadeia de valores, um juiz pede a um policial que prenda e algeme uma agente de trânsito.
O Brasil se divide assim, naqueles que estão possuídos de uma autoridade qualquer sobre outros que não detém tal, pequena ou nenhuma autoridade.
Quando você olha este quadro, cabe perguntar: onde estou representado?
Os descontentes cinquenta e um milhões de brasileiros que não votaram no partido da situação se julgam representados também dessa forma? E aqueles que votaram no partido da situação se julgam representados de que forma?
É exemplar no Brasil o tratamento entre as pessoas. É velho, velho, o sintético monograma estampado no nosso caráter de que “sabe com quem está falando?” Pois é, Alberto Carlos de Almeida, o cientista social que desancou o prato de coxinhas no botequim do Manhattan Connection, um bando de burocratas ancorados no exterior na tentativa de esculhambar quem permanece no solo brasileiro, é emblemático.
Diz ele que nos EUA as pessoas se tratam pelo you, e aqui é pelo cargo ou importância do nome. Vou mais além. No Brasil a esculhambação já começa quando as pessoas mais simples se tratam pelo doutor ou professor, gritando de longe para o cumprimento amistoso. Ou mesmo na falsa subserviência do guardador de carros que se mostra prestimoso na guarda, ou na suposta guarda de algo que não lhe foi pedido. Seria o “doutor” um aviso de advertência ou uma presença de subserviência?
Então. Quando um juiz de direito dá sua “carteirada” sem carteira, um policial é posto ao seu serviço, e uma agente de trânsito teima em cumprir a lei, onde você se representa?
Todos diriam, de pronto, com a humilhada agente de trânsito. Mas, será que nos discursos encobertos do anonimato das redes sociais, as pessoas se representam por ela? Ou os discursos vociferantes, em muitos casos, se assemelham ao do juiz, no julgamento pueril de que se pode consertar o país com uma baioneta nas mãos. Mentira. Os discursos se mostram sempre dispostos a encontrar o policial pronto para obedecer as ordens daqueles que se julgam merecedores do crédito para o conserto do país.
A imprensa, na maioria das vezes, com seus editoriais raivosos são os juízes que tentam arregimentar os soldados para proceder a humilhação da democracia, travestidos de moralidades, de acusações que reverberam aquilo que os juízes dizem, apontam, provam por A mais B que o que se falou foi aquilo que querem e não necessariamente aquilo que representa a veracidade dos fatos.
Discursos têm muitos por aí. O discurso da religiosidade, como já disse alguém “se o sujeito para ser bom precisa de uma religião, tem alguma coisa errada: na religião escolhida ou no seu caráter”.
O outro critério do discurso é desqualificar o oponente, mediante uma série de palavras que se sucedem e lembram uma discussão de botequim. Todos gritam e ninguém tem razão.
Os discursos encobertos no anonimato da web também têm os seus postulados no juiz, quando vociferam a plenas palavras, em caixa alta, negrito, de que está com a razão aquele que grita e proclama uma autoridade de conhecimento, de suposto conhecimento.
Outros silenciam, lendo as verborragias, como o policial passivo que apenas observa a banda passar. E no final aqueles que contra-argumentam, ou tentam.
Como você se representa nas conversas? Gritos, caixas altas, silêncio ou tentativas de argumentação?
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