O Carnaval (não?) é mais aquele
O Carnaval passou, e com ele fica uma certa nostalgia de que em outros tempos eram melhores. Menino, ainda, em um Rio de Janeiro mágico, via as baianas da verde-rosa, por um acaso a campeã deste 2016, bailarem na minha frente, seguro pelas mãos do meu pai (década de 60, finais dela?) e apenas uma corda separava o espetáculo dos meus olhos. O Carnaval seguiu para a Marquês do Sapucaí, onde assistia, gratuitamente, (finais dos anos 70) o desfile das campeãs, morador do Catumbi, enfim, um privilegiado eu era.
Hoje tudo é pago. Não existe, definitivamente, almoço e espetáculo grátis, e agora, no país do Carnaval, menos ainda.
Dentre as queixas que li, uma delas falava de um Carnaval de outros tempos, reclamações de muito xixi, e gente fazendo xixi nas ruas, calor, sufoco, andanças pela cidade congestionada e, lembrando de outros tempos, via também, na longínqua década de 70, as mesmas coisas: ruas imundas, gente fazendo necessidades pelas ruas, gente demais e o calor, bem, existe Carnaval sem calor? E se chover, que venha mais chuva, e confusa no suor se faça. E se a musa do impeachment pode ficar pelada contra o governo, em manifestações, e não pode no Carnaval, afinal onde está o sério no País? O que é ser sério?
A grande diferença é que percebo que, hoje, a gente demais é demasiada demais. Impossível administrar uma festa com tanta gente, e tanta gente que não está nem aí para a higiene, o comportamento, como nunca esteve. Nada é mais carnavalesco do que o Carnaval, o ápice da nossa cultura, onde tudo acaba em samba, e tudo é carnavalização.
Outras queixas é que tanta gente se reúne para brincar o Carnaval, mas não se junta para protestar contra as políticas de saúde e educação. É verdade, mas, o Carnaval tem a capacidade de reunir gente de várias ideologias, comportamentos, alienações. Naquele mundão de gente, se politizar acaba em briga e não em festa. Carnaval é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Não. Não sou de Carnaval, sou daqueles que pula na cama ou assiste e lê um bom livro, até porque saindo do Rio de Janeiro para um lugar mais calmo, só se for muito, mas, muito longe. Nada mais. Nem por isso sou contra o Carnaval, é direito daqueles que querem brincar, se embebedar, e depois de nove meses… bem, se der certo, é se guardar para quando o outro Carnaval chegar.
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