Opiniões

Enfim, a Globo e Roberto Carlos morrem abraçados

ENFIM, A GLOBO E ROBERTO CARLOS MORREM ABRAÇADOS

     Assisti ao filme sobre Tim Maia. Achei-o, simplesmente, maravilhoso, adorei, quando estiver nas locadoras poderei revê-lo. Descobrindo outras coisas que uma primeira audição não é suficiente. O filme é gordo demais, maravilhosamente obeso, na sua opulência sobre a vida, também opulenta, vívida e rica de Tim Maia.
     No entanto, aqueles que verão, ou serão obrigados a vê-lo pela TV aberta serão, mais uma vez, ludibriados. É sintomática a queda do conceito que Roberto Carlos foi perdendo com o tempo. Não será um cult, no sentido mesmo de ser cultuado, mas caminha para um ocaso via Ronaldinho Gaúcho. É triste, principalmente, quando, por uma coincidência evidente, o autismo da Globo se mistura ao mesmismo do Rei da Jovem Guarda, agora, por volta dos setenta anos. Ao que parece ele não pretende envelhecer amadurecendo, mas amarelecendo.
     Omitir ou alterar a verdade é um clássico da Globo. O que ela parece não perceber, ou simplesmente, ignorar, é que uma grande parte da população já percebeu isso. E esses procedimentos da Globo caíram já no sentido da galhofa, ou seja, o público assiste, sabe que não é verdade, mas, na falta do que fazer, por que não?
     No filme, a participação de Roberto Carlos na vida de Tim é sofrível. Revela um caráter egoísta, em relação a Tim Maia. E a Globo se preocupa em alterar o que o filme revela. Lembram, os dois, RC e Globo, aqueles que decidem morrer abraçados, achando ser coerentes no que fazem.

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Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura