Encontro marcado

        Encontro Marcado é um filme da Netflix que fala de um escritor. Os filmes que falam de escritores são fascinantes também para escritores. Briam Bloom é um jovem escritor querendo colocar suas palavras diante dos olhos de alguém. E a síntese disso é quando ele diz, ao final, que se você vive uma história sempre terá alguém ou um leitor para ler.
       O enredo gira em torno do amor e como se deve brincar ou não brincar com ele. Para isso a arte é usar o confronto entre duas culturas que, supostamente, trabalham o amor de formas diferentes: uma conservadora, ou que se diz conservadora, a americana, e a outra mais libertária, ou que se supõe libertária, a francesa. Ficaram as duas culturas imunes ao amor quando confrontadas. Ele um americano, ela, bem, ela é uma francesa e com direito a toda a imaginação que nós, e também eles, a despeito de supostas diferenças, temos.
        Os personagens têm idades distantes de dez anos. Arielle é dez anos mais velha do que Briam. Ela casada, com dois filhos, e que tem uma regra com o marido de viverem por um período do dia uma liberdade de casamento, uma abertura, de cinco às sete da tarde: alguma coisa que lembre a Bela da Tarde? Talvez.
         É um filme delicado, como se poderia dizer. Mais o que fica de mais importante é que com o amor não se brinca. Quer dizer, um escritor pode brincar com o amor e não se deixar afetar por ele. Ou então o amor pode afetar tanto um escritor que a brincadeira lhe queima, e quando queima ele pode descrever a sua vivência e trazê-la para algum leitor.
       A questão que fica é que o escritor pode brincar de amar e não ficar afetado, ou se afetado demonstra que não pode brincar com o amor?
      Uma das passagens do filme revela uma alma do escritor, dita por uma expert em escritores: Viva a vida sem limites, porque a ausência de limites, antes que chegue o futuro, é que molda a estrutura daquele que quer escrever. Existe o amor perfeito? Possivelmente sim, às vezes não chegamos a vivê-lo totalmente, e por não vivê-lo a ausência dele é que traz a perfeição.

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