As pérolas da vida
Uma pérola nasce do sofrimento e se origina dentro de uma ostra por um processo de defesa do animal contra corpos estranhos. Se algum corpo entra na concha, o animal o envolve em camadas de nácar e daí se origina a joia tão apreciada pelos joalheiros. Transformando a dor em beleza. Em resumo, a ostra se defende de um sofrimento gerando um bem tão apreciado por sua beleza e formato perfeito.
Fruto de uma dor, a ostra é uma artesã silenciosa que origina algo tão esplendoroso e apreciado. Será que a ostra teria uma noção disso? Que estranha essa capacidade de se defender de algo que a incomoda e criar algo tão perfeito!
Experimentamos, durante a nossa vida, várias formas de padecimentos. Enfrentamos adversidades, enfrentamos tempestades e sentimos as dores das perdas, as dores do crescimento e as dores para enfrentar os inimigos..
Quando caminhamos pelas ruas e vemos outros passarem por nós, podemos imaginar quantas dores e grãos de areia incômodos eles carregam, assim como nós; alguns transformados em pérolas outros ainda cortando e ferindo. Dores são corpos estranhos que se entranham em nossos corpos e lá jazem, como se tivessem encontrado o lugar perfeito para viver. Dentro de nós, as angústias e as enfermidades se aninham, os vírus, as bactérias encontram o seu lugar para progredir e perpetuar seus males.
Algumas vezes, temos a capacidade de envolver esses sofrimentos e transformá-los em peças perfeitas ou imperfeitas. Podemos ser uma pessoa melhor ou pior, podemos expiar todas as nossas descrenças, e podemos, também, depurar nossas crenças e nossa visão de mundo, transformando lágrimas em pérolas que vão brilhar ou ficar eternamente guardadas. Não é o valor da pérola mas sim o que vamos fazer com elas.
Somente aqueles que conhecem as tristezas são capazes de compreender as alegrias. E os seres que nunca experimentaram as tristezas e as perdas, as angústias e as desesperanças não são capazes de criar invólucros para se protegerem dos males que afetam a todos. Além disso, quem não sofreu um ferimento não sabe o valor do alívio e não entende o vOCÊ alor e o peso de uma conquista
Nossas pérolas são os sorrisos que exibimos quando a vitória, finalmente, chega. Nossas experiências de vida, nossas lições de vida são as pérolas que exibimos para o mundo. Pérolas construídas na dor, na resiliência, na crença em nossas vitórias. Mesmo as derrotas são pérolas, embora imperfeitas, mas construídas e desenhadas para serem o motivo para não nos deixar abater. Porque se somos capazes de construir joias beirando à perfeição, nossas imperfeições não podem encobrir nossas possibilidades.
Somente a dor é capaz de burilar os pensamentos e as ideias, treinar nossas mãos e afinar nossa mente para nos transformar em pessoas melhores ou piores. As alegrias são dimensionadas na razão inversa da distância que estabelecemos para as tristezas.
No mundo, somos joias, pérolas a serem formadas ou transformadas. Somos uma ideia virgem em formação. E, durante nossas vidas, os corpos estranhos vão se acumulando, sendo expelidos como pérolas ou contidos para não se transformarem em armas contra a humanidade.
Se nos vingamos das angústias do mundo, formamos joias sem valor. Se nos refazemos das angústias criamos pérolas para admirar e serem admiradas.
Origem da foto: Foto de Steve Douglas na Unsplash
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