A armadilha da imitação
Imitar é copiar, procurar fazer o mesmo. Claro que as boas práticas, como é comum dizer hoje, e os atos considerados positivos têm grandes possibilidades de serem imitados e copiados. É fácil reconhecer que na construção dos bons cidadãos, daqueles que buscam a retidão de caráter, comportamento, copiar as atitudes positivas fazem bem ao espírito e engrandecem a sociedade.
Copiar aquilo que é positivo sempre será bem-vindo.
Na prática, alguns procuram percorrer esse caminho e outros procuram percorrer as atitudes que entrem em conexão com seus interesses pessoais, e não necessariamente positivas. Logo, a imitação é uma farsa, ou uma armadilha que o destino nos prega, algumas vezes. Seguir o caminho A ou o caminho B são desafios que se apresentam a nossa frente. Alguns são caminhos de atalho para atingir um objetivo, e os imitadores se aglomeram buscando a parte fácil, tendo em vista, imaginam, que outros a percorreram e conseguiram o êxito, logo….
É comum às pessoas de sucesso fragmentarem suas trajetórias tentando “ensinar” seus atalhos de êxito para outros. E ganham mais um pouco de celebridade e dinheiro encontrando os imitadores em todo lugar. Afinal, nada mais é necessário provar a ninguém o caminho do sucesso; afinal ele ou ela são o sucesso em carne e osso.
Essa positividade se dilui entre todos. E passamos a questionar o que seria essa positividade, esse caminho, supostamente bom para seguir e encantar seguidores.
No entanto, ninguém gostaria de perseguir e imitar os maus. Aqueles que apregoam o mal em si mesmo. Porém há imitadores. Quando seres maus aparecem a questão não está, necessariamente, em serem maus. Excetuando os malfeitores, assassinos e outros afins, o reconhecimento do mal em outras instâncias nos deveria fazer entender se e quando reconhecemos o ser humano mau, e por quê.
As coisas positivas são, a grosso modo, universais: fazer o bem, amar ao próximo, agir com honestidade, ser coletivo e não individualista, etc.
As coisas negativas nem tanto. Ao reconhecer que determinadas práticas maléficas, excetuadas aquelas que mencionei, não devam ser praticadas, deveríamos nos perguntar por que as consideramos assim. Afinal, deveríamos reconhecer em nós mesmos a presença da maldade, até como uma autodefesa contra o mal. Mas abandonamos isso e algumas vezes percorremos um caminho que seja maléfico, mas não o reconhecemos como tal.
Em torno disso, coloco os interesses pessoais como o divisor desse reconhecimento. Se vemos um ser humano mau, a partir dos nossos conceitos, devemos repensar nosso estilo de vida e comportamento? Um ser humano probo é reconhecível e facilmente admirável, mas e o mau, o que o define? O que nos faz perceber a sua maldade, não no sentido da violência, do ato explícito, mas no subliminar das características? Quando colocamos nossas definições para rotular o mal, colocamos o que de nós mesmos?
O autoexame se torna a arma mais importante nessa definição. Somos bons o suficiente para rotular o mal ou somos maus o suficiente para considerar que não somos, suficientemente, os praticantes do bem?
A imitação é uma armadilha, para o bem ou para o mal. Se imitamos o bem, seremos os bons? Se imitamos o mal, seremos os maus? Se seguimos nossos interesses, procurando nosso bem, pensamos sempre na questão da maldade ou da bondade?
Origem da foto: Foto de Hal Gatewood na Unsplash
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