Opiniões

A morte pune?

A MORTE PUNE?

     Vamos todos morrer, mais cedo ou mais tarde, alguns, infelizmente, mais cedo, outros…, outros mais tarde. A noite sempre chega e para muitos que são esperançosos o dia também vem. Se a morte é inevitável, por que antecipá-la, em alguns casos, como punição?
     Não está em manchetes, mas, neste sábado, do outro lado do mundo, um brasileiro será executado. Um brasileiro, lá do outro lado do mundo! O motivo é o tráfico de drogas, crime inafiançável e de punição drástica. Não. Não somos Marco Archer, mas, é impossível você não se emocionar vendo sua foto ou imaginando aquilo que passa por sua cabeça. A população da Indonésia é francamente favorável à pena da morte como punição ao tráfico, que, segundo o recente presidente eleito, prejudica as futuras gerações.
     No mundo, é importante se discutir o uso e liberação das drogas. Vicia? Sim. Mas, por que outras pessoas não usam, somente uma porcentagem? Há motivos científicos para isso? Traficar drogas e matar o semelhante é uma tipologia criminosa equitativa?
     Não vejo a pena de morte como solução, mas uma simples e pura vingança da sociedade, uma espécie de assassinato. Há uma semelhança entre um traficante no asfalto, em prédios com água e luz encanada, e aquele dos morros cariocas: o tráfico. Mas e o discernimento? Este enxerga a possibilidade de ganhar dinheiro ali, bem na frente, e, principalmente, não tem perspectivas, e, vivendo em uma sociedade de consumo, o indivíduo busca a moeda de troca ideal: dinheiro, que é poder.
     Para outros, que têm uma perspectiva maior de ganhar esse dinheiro de forma lícita, a prática desse crime é muito maior, a mesma do funcionário público, ciente da lei, e defensor dela, quando a transgride.
     A capacidade de perdoar tem um limite, o mesmo limite da mãe do estudante da UFRJ – Nós somos Alex, para outros até que a desgraça lhes bata à porta.
     A morte resolveria essa droga inconsciente de não ter pelo outro o menor sentimento? Perdoar menos aquele que recebe a instrução e faz mau uso dela, ou perdoar aquele que nunca recebeu, e precisa de ajuda?
     No caso do nosso conterrâneo, que Deus ilumine seus passos, e que Ele também ilumine os nossos passos, para que essa tal Pátria Educadora funcione para que não passe por nossas cabeças essa tal pena de morte.

Nilson Lattari

Nilson Lattari é carioca, escritor, graduado em Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Gosta de escrever, principalmente, crônicas e artigos sobre comportamentos humanos, políticos ou sociais. É detentor de vários prêmios em Literatura